quinta-feira, 27 de maio de 2010

Duelo



Inicia-se o jogo as palavras se misturam na fumaça dos cigarros nervosos e fermentam na cevada que entra garganta a baixo.
Eles só sabem falar, muitas argumentações e poucos olhares. Mal prestam atenção nela, mesmo sendo ela o motivo de tantas palavras sábias, jogadas ao bar cheio. Ela fica ali quase só, mas, acompanhada acende um cigarro e bebe.
Eles se conhecem a conhecem e conhecem suas vontades seus porques. Acredito que eles não sabem os pensamentos de ambos, mas como bons animais sentem. Ativam suas percepções e começam uma exibição inconsciente para a fêmea em “dis-puta”!
Um simples assunto como falar de signos toma uma proporção gigantesca ao invés de ser um fútil assuntinho de mesa de botéco pensasse e falasse nos primórdios dos incas e o quanto a astrologia é sábia.
Um simples assunto requer palavras de alto calibre logo às posições já têm seus ocupantes ofensivo, defensivo e claro a mocinha em questão.
Breno fica na defensiva e lança a questão, junto mais uma opinião. Hélio saca sua arma, carrega de boas palavras e mais algumas letras avulsas no bolso, caso precise formar palavras ousadas. Mira e metralha, o normal é acertar no cérebro e acabar com a fala inimiga.
Ela continua inerte, caras e bocas nada acaba com o duelo, mais um gole mais uma tragada, à cima uma televisão ocupa sua janela visual, mais umas pessoas na volta e dentro de um comum egoísmo pensa em si, na situação em que esta. Por que aquela noite? Por quê aqueles dois?Ela não sabe,relaxa,observa e sorri, por um momento decide prestar atenção no assunto, pois as faíscas estão altas, ela vê palavras rasgadas e conhecimentos expostos. A serenidade da conversa a impressiona, dois homens interessantes que lhe interessam e se interessam por ela estão ali em um duelo do acasalamento verbal, quem leva a fêmea?
Ela pensa e precisa decidir logo. Quer os dois, mas pensa de novo, quer nenhum, pensa mais e decide no uni-duni-te o escolhido foi... vo-cê!
Pronto! A opção foi feita e por mais que amasse a companhia de Hélio precisava ouvir o que Breno tinha para falar.
Hélio se foi
A atenção chegou e Breno começou a falar ela sentia, sabia que algo seria diferente no assunto. Falaram muitas palavras, puídas pelo tempo, sinceras, saíram de um silêncio longo, haviam emudecido, palavras sem uso, mas como o silêncio é de ouro não perderam a beleza nem o valor.
Assim mesmo foram saindo se misturando se identificando. Duelos de homens, duelo animal duelo de palavra duelo de sentimento. Ela sentiu que travou um novo duelo com ela mesma uma força de igual, ela com ela em outras dimensões.


Caixa de Mensagem
Vazia! Vazia, é assim que leio.
Nos fins que apago Para não recordar
A correspondência
Vazia para eu não lê-la.

Lembranças só servem
Para preenchimento
Dos dias vazios.

Quero a vivacidade dos
Dias felizes
E quando eles já
Não me pertencem
Pouco importa
O quanto valeu.

Delicio-me assustada
No estranho sentimento
Vazio do hoje

E na inquietude que me toma o corpo
Por não querer me assustar.


domingo, 23 de maio de 2010

O que está trás dela.


Decidida a escrever em blog e abandonar canetas e papéis,trago da maldade à pureza uma escrita escondida no papel,dando asas às singelas palavras que desbravo neste teclado à partir de agora......ela carregava um pequeno livro de capa vermelha fora de sua mãe na infância.Ali aprendeu à ler vendo,via o dia inteiro,fingia que lia e quando cansava pedia para alguém ler.Ouvindo o que lia vendo seguia, imaginando que lia.Ao ouvir, certeza de o que imaginava quando lia,estava quase igual.Imaginava bem.Assistindo um destes programas infantis educativos do canal TV Cultura,aprendia algumas letras,ainda não conseguia assimilar tantas formas era melhor ficar imaginando.Nos fins de novela era que causavam mais vontade de ler,tudo muito rápido, tudo piorava e a tal da leitura parecia que nunca iria sair da palavra falada.Via gibi,gostava mais da Magali que de Mônica,via imaginava que lia via tudo que podia.Assim ela aprendeu a ler,quando viu no programa e a primeira palavra saiu a+s+a=asa que alegria, era tudo que ela precisava asas para as palavras!A vingança começou, lia tudo que conseguia fins de capítulos de telenovela,telejornal,os letreiros nas ruas,placas de qualquer coisa que estivesse à sua vista.Os discos compactos com historinhas agora não eram mais só vistas,as capas também eram lidas,tudo de vontade própria e graças a alparagata da mãe(que já não argumentava mais a situação).Começou a ouvir mais musica depois de ter passado seu terceiro ano de vida cantando uma música do Lobão”Vida bandida”,aos quatro cantos da casa causando a exigência da mãe de por favor parar um pouco ou cantar outras músicas.Começava aí uma zona de conflitos.Eternos e internos.Raul Seixas apareceu quando “Plunct plact zun” lhe pareceu divertido logo seria seu segundo artista favorito,aumentando o vocabulário de um modo que sua mãe não gostou.Mas as palavras também precisavam ser escritas pois só ler a enchia de novas imaginações,era como um cofre de palavras,de tempos em tempos era preciso retirá-las pois já não cabia mais tanta riqueza.Esvaziou seu cofre no seu primeiro diário,começando assim um hábito que se prolonga até os dias de hoje.No total de quase 7.000 dias escrevendo em papéis, ( tudo contando com anos bissextos que já foram 6) .O amor,este sempre foi seu grande inspirador.Pena que só sabia escrever quando sofria,as palavras escritas pareciam que como desabafo o sentido era maior.Os primeiros diários sempre bem narrados descreviam coisas do tipo;”Hoje ele estava lindo me olhou mas não falei com ele.Pronto!Por desabafo,por um hábito muitas vezes por intimidade deu inicio a pilhas de agendas que sempre as carrega sem saber nem onde guardar.Carrega lembranças de estórias com histórias uma mistura fina de sopa de letrinhas desajeitadas que formavam o que está,atrás dela.Além de lidar com suas próprias palavras e pensamentos,haviam pensamentos alheios,palavras dos outros,tudo isso juntava-se a os seus em resumos,os que lhe interessavam sempre eram os das pessoas mais velhas.E assim o sangue da Flor descobriu como deveria fazer os caminhos em suas veias e abrindo os olhos entrou em um universo que pode fazer a prova real dos sentimentos alheios,uma analista do mundo.Analisando mundo dos outros aprendeu a auto-analise,aplicando sem pedir licença e sempre com uma delicadeza que passa desapercebida a eterna magia das palavras.
Asas e Palavras
O resumo perfeito dos amores atuais das felicidades rasas da demasia do ser e do desconforto de não saber ficar em silêncio podendo se calar.
Tem palavras que não precisam de asas porque não sabem voar!
Mas não sou eu quem dito a regra do que não se pode regrar.